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domingo, 9 de setembro de 2018

AFRONTA: estréia no Girls to the front.

Girls to the Front é um evento já conhecido na cidade, houveram algumas edições e sempre que posso compareço. A proposta do evento é sempre a mesma: promover o empoderamento de bandas formadas por mulheres/ com mulheres nos vocais, expor outros trabalhos contraculturais de cunho feminista seja com colagens, desenhos e fotografias. É um evento foda. [Falei dele aqui]

Nessa 4ª edição, que aconteceu ontem (08/09/18), a banda Afronta fez a sua primeira apresentação e [porra] to pensando nela até agora. Vou tentar resenhar aqui o que foi aquilo.



Paloma (bateria), Thuany (vocal e outros afrontamentos), Dejane (Guitarra)



A Afronta é uma banda que vem ensaiando a um tempo e ontem, para a minha felicidade, deu o ar da [des]graça.
Todas elas já fizeram/ fazem parte de outros projetos. Mas a Afronta e um projeto novo, ácido e cru. 
O discurso da Afronta só não entendia quem não queria, a mensagem estava estampada na postura de cada uma delas, era objetiva, curta e feroz. A inquietação que a Thuany jogava entre uma música e outra no palco todas nós mulheres conhecemos bem: é aquela que a gente sente gritando na pele a cada passo que queremos avançar na vida, seja no nosso trabalho, nos nossos relacionamentos e na nossa individualidade, quando aquela corrente invisível segura a gente pelo pé e quer nos colocar em um lugar a qual nunca pertenceremos. Eu também já me inquietei e gritei muito desse jeito, só que por dentro, abafando várias vontades que já tive. Essa banda me trouxe essa lembrança e senti uma mistura de dor e raiva.

Em um dos discursos, que variavam desde veganismo à mobilidade urbana, houve um momento de falar sobre a decisão da mulher sobre o próprio corpo, vou tentar parafrasear o que foi dito: a banda usou a fictícia  história contada sobre o nascimento de je$u$, onde à Maria não se foi dada a escolha: um ser celestial disse que ela carregaria aquela criança no ventre e que ela seria a mãe do filho de deu$ e que essa violação é o que segura as decisões que Estado e a sociedade quer impor sobre o corpo da mulher. 
Essa foi a intro para a " Violada por deus" que diz:

A virgem condenada
A carregar o filho de deus
Submissa, invadida
Obrigada a aceitar
Seu corpo não era mais seu
Vida Roubada
Pela falsa glória de ser
A mãe do salvador
Um anjo trouxe a notícia
Seu ventre serviria de abrigo
Mesmo sem seu consentimento
Fora violada por deus!







Cada vez que essa banda "abria a boca" eu sabia que ia sair bala.
A Afronta calou muita gente, inclusive eu.



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Um comentário:

  1. Ótimo post!

    As meninas da AFRONTA arrasaram, foi lindo demais, todas as sensações massa de cada letra ainda estão passando pela minha cabeça, tudo que foi dito é como se estivesse ecoando no meu cérebro, realmente foi um grande e maravilhoso rolê!

    VIDA LONGA AO GIRLS TO THE FRONT!!!

    Grande Abraço ^^

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