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segunda-feira, 10 de julho de 2017

A representatividade do evento 'Girls to the front!'

*Postagem atrasadíssima*



Esse fim de semana (01/07/17) rolou um evento lindo chamado Girls to the front no qual o foco principal era o protagonismo feminino que vinha desde a organização às bandas presentes! Fiquei imensamente feliz em fazer parte do evento e em ver que muita gente compareceu também. Ver os cartazes na parede com frases da Simone de Beauvoir e bandeiras arco-íris espalhadas pelo Casarão do Benfica. Tinha comida vegana (Bike Vegan) da melhor qualidade, tinha microfone aberto, tinha uma camisa do Lebanon Hanover que eu não consegui comprar, tinha crianças dançando post punk, tinha uma playlist maravilhosa só de bandas com mulheres de estilos diversos e haviam as bandas:


New Model
Ouse
Síncope
Conturbo
Hijas de Put4



A New Model abriu o rolê e contou dessa vez com a participação da linda da Clapt Bloom (Intuición e Hijas de Puta). O New Model ao vivo é muito foda! Escutem o EP novo dele aqui é um som eletropop post punk e dançante pra caralho <3
Em seguida a Ouse entrou no palco e eu fiquei IMPRESSIONADA!! Que banda! Que voz! Que galera !! Depois foi a vez da Síncope, que tem uma proposta mais pop, em seguida e Conturbo e pra fechar, Hijas de Put4 (falei delas aqui).


O foco hoje da minha publicação é um pouco diferente do que costumo falar aqui já que sempre dou mais ênfase as bandas e as apresentações e etc. Queria falar do que significou para mim aquele evento, aquele nome, aqueles cartazes na parede, a menina que estava vendendo os patches (fodas) que ela pintou.
Minha empolgação e necessidade de registrar (com palavras) o Girls To The Front se deve ao fato de que demorei muito para me sentir verdadeiramente representada em um evento de rock. Eu, entre 12 ou 13 anos já tinha tido contato com alguns eventos pequenos de punk rock e quase não haviam meninas. Isso se perpetuou por vários anos. Fui em MUITOS onde as meninas presentes eram  namoradas dos caras das bandas ou amigas, as outras poucas (tão poucas..) que estavam ali pelos mesmo objetivos dos meninos (curtir, beber, ouvir punk e pogar) não eram levadas a sério. Meninas abertamente lésbicas, gays, seja lá como queiram chamar, era raridade. Meninos gays também eram. E me vi no primeiro dilema: Então o que significava aquela liberdade toda? Aqueles moicanos e cabelos coloridos? Por quê falar de liberdade sexual nas letras se nem todo mundo podia exercer a sua abertamente naquele mesmo espaço que se dizia tão livre? Por quê que mulher bêbada era feio na visão do rapaz com o copo de cerveja na mão? Por que no circuit pit eu era colocada pra fora? Por que os caras ficavam tentando tirar as meninas que ficavam bem na frente do palco?
A partir dessas perguntas decidi buscar minha individualidade dentro do movimento que eu queria tanto estar. Na verdade eu queria mesmo era responder a mim mesma tudo isso, sempre precisar da visão de ninguém que estava ali a mais tempo que eu, porque deles não me restava nada a saber. 
Ver o Girl to the Front em ação sendo iniciado pela Joicy pelo texto "Por que me tornei feminista" (leia completo aqui) que logo no comecinho tem uma frase que diz: "Feminismo pra mim é um modo de vida, foi o que me libertou da vontade de ser qualquer outra coisa, menos eu" me trouxe tantas lembranças boas e também ruins. Principalmente me lembrou o orgulho que passei a ter de mim, da minha postura, de quem eu sou e de quem jamais eu vou ser. Emponderamento é um exercício diário e leva tempo..muito tempo. Gostar de si mesma é um ato de rebeldia.
Inclusive, neste evento, havia uma menina que tocou e que a primeira vez que vi ela foi há anos atrás em umas das tantas bandas que ela participou e pensei "caralho, que menina foda!". No Girls to the front vi ela tocando e pensei "que bom, ela ainda ta aqui e outras tantas estão". E espero profundamente que outras mais estejam, cada vez mais, com bandas, zines, blogs, artes em geral, guitarras altas e muito barulho, afinal, ainda falta muito para dizer, ainda temos muitas coisas engasgadas na garganta.

2 comentários:

  1. É legal ver esse tipo de evento civilizado,aqui como te disse muitas vezes não é a mesma coisa,as pessoas querem apenas impor seus pontos sobre algo e fica essas panelinhas bobas.Ou um objetivo legal,acaba sendo dissolvido por algo sem propósito.

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    Respostas
    1. É uma pena amiga.. Esse evento foi tão importante! Em novembro tem outro. Estarei lá!

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