Olá meus considerados! Como vão?
Hoje trago à este blog algo que não fazia a muito tempo: indicar boas bandas!
Eu sei, eu sei.. "tu só escreve sobre tristeza"
Primeiro: Sadness is Rebellion.
Segundo: repita o primeiro 3 vezes e vamos em frente, tá?
Tá!
Projeto Quarentena
O Projeto Quarentena é um projeto de minimal e post punk (e com outras influencias obscuras) elaborado, gravado e tocado pelo Gothiel. Eu conheci essa banda no final de agosto desse ano de 2022 e foi uma descoberta maravilhosa. A estética sonora é bem característica do minimal wave só que com um baixo mais marcado o que ocasionou minha intensa movimentação de dança de dois passinhos repetitivos. Diversão demais.
A letras são carregadas dos sentimentos mais corriqueiros e decepcionantes do nosso dia, com uma aura de angústia para bailar no caos.
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Meu formato de entrevista vocês conhecem: poucas perguntas para podermos nos aprofundar melhor. Então vou transcrever exatamente a minha conversa com o Gothiel a partir de agora.
D. S. Eu gostaria de agradecer tua participação. Faz tempo que não escrevo e o lançamento da Demo me incentivou muito.
Eu gosto de fazer poucas perguntas para que possamos divagar sobre elas.. falar com profundidade.. enfim. Vamos lá
P. Q. Boa tarde!
Eu fico muito feliz em participar e gostaria de agradecer pelo espaço. Fico contente em saber que a demo tenha te incentivado a me entrevistar.
Sobre as perguntas serem poucas, eu concordo pois dá pra falar bastante haha
Vou tentar ser o mais detalhista possível!
D.S. O que é o Projeto Quarentena e quem está por trás da criação das batidas e da sonoridade como um todo?
P.Q. O Projeto Quarentena é um Projeto musical surgido em meio a Pandemia do Corona vírus, se deu início logo após começar o lockdown, quem está por trás sou eu mesmo rsrs Gabriel Albuquerque, vulgo Gothiel. Faço todo o esquema de composição desde a programação da bateria, linhas de baixo, guitarra, teclado e vocal.
D.S. Qual o fator motivador para começar o Projeto Quarentena? O que estava rolando com você no momento? E principalmente, o que você estava sentindo nesse período?
P.Q. O principal fator motivacional foi o período no qual estava vivendo, ou melhor dizendo, estávamos né? Afinal todo mundo tava nesse mesmo barco.
Esse clima de pandemia e isolamento automaticamente me deram vários insights para poder compor, por exemplo: no início dos casos de covid eu ainda tive que ir trabalhar normalmente, pois trabalho em uma distribuidora de combustíveis que foi considerado como serviço essencial, então a empresa não paralisou em nenhum momento. Houveram algumas transferências para home office, mas como eu não tenho nenhum familiar que era/é do grupo de risco tive que ir trabalhar normalmente durante todo o período de pandemia, pegando ônibus e passando pelos terminais de integração de ônibus normalmente. Fazer esse percurso pra ir pro trabalho e ver que a cidade estava quase que totalmente parada, com ruas vazias e vários comércios fechados me serviu de grande inspiração pra compor dentro dessa realidade.
O que estava rolando comigo no âmbito pessoal fora a pandemia, foram algumas desilusões que tive no início de 2020. Vale ressaltar uma em especial, que foi o fim de um relacionamento na qual eu morava junto com a pessoa, isso teve um peso pra que eu quisesse compor algo bem soturno e minimalista, algo que transparecese o sentimento de dor e angústia que eu senti/sentia (lembrando que essa pessoa na qual eu tive essa relação está 100% de boa comigo rsrsrs). Eu sempre tive o hábito de trazer minhas dores pras músicas como forma de me aliviar. Porém o fim da relação talvez tenha servido apenas de solavanco para compor em cima da pandemia, visto que tem apenas uma música que transmite essa ideia que é a "Eu não sei" (da primeira demo). O fato de maior peso para a minha inspiração foi realmente a pandemia.
D.S. A segunda Demo, que foi lançado digitalmente em Novembro/2022, trás uma foto de capa bem peculiar: a silhueta de um homem num ambiente urbano entre prédios, com a máscara que lembra a utilizada no período de pandemia da Peste Bubônica. Qual a história por trás dessa capa? É você na foto?
P.Q. Então, na verdade essa capa tem algumas histórias por trás dela. A inspiração pra arte de capa veio do single "Estado de Alerta" porém como houveram alguns problemas com edição eu optei por não utilizar essa capa no single e vim utilizar apenas agora na segunda demo. A inspiração para a capa vem da música/single "Estado de Alerta" que fala a respeito de uma missão em um mundo fictício imaginado por mim.
Essa missão tem que ser realizada por um agente envolvido no Projeto Quarentena (Que no meu imaginário fictício se trata de um Projeto que tem como finalidade desenvolver uma vacina contra a Pandemia de um vírus mortal que assola a humanidade em um futuro pré apocalíptico). Esse agente precisa levar uma maleta que contém uma amostra que será utilizada como modelo para a produção de mais vacinas de combate a esse vírus mortal. Note que, diferente dos vírus comuns, esse vírus no qual eu falo além de mortal é letal, podendo causar a morte da vítima nem poucos segundos de exposição (por isso o agente está totalmente trajado de forma com que nenhuma parte do seu corpo entre em contato com o ar do ambiente, com máscara de gás, luvas, sobretudo, etc.
Capa da 2ª Demo (Novembro 2022) |
E não, não não sou eu na capa haha
Alguns amigxs imaginaram ser eu pelo fato de que houve uma festa de Halloween a fantasia, no Snake bar, bar aqui de Fortaleza que compareço com uma certa frequência rsrs (Salve Rodrigo e Dryele! - Proprietários). A minha fantasia basicamente era muito parecida com a vestimenta do agente que está na capa da demo, com a exceção de eu usar uma máscara steampunk inspirada nos médicos que a utilizavam no período da peste bubônica e o agente que está na demo utiliza uma máscara de gás com filtro e proteção ocular, só que como a edição que rolou com a capa da demo acabou deixando a imagem com contraste bem acentuado tornando a imagem escura, é comum imaginar que a silhueta presente na capa seja a minha devido a fantasia que eu utilizei, porém não, não é rsrs.
Uma observação que eu gostaria de fazer a respeito dessa capa é sobre na verdade serem duas capas. Vamos lá.
Primeiramente eu solicitei a ajuda do Airton, sim o Airton vocalista e programador da Plastique Noir. Ele foi o responsável por colocar a ideia que eu tive em um trabalho gráfico muito bem feito. Que inclusive é a mesma imagem utilizada nas plataformas de streaming hoje porém uma algumas edições. Anteriormente eu tinha optado por não usar essa arte pois queria algo que lembrasse o centro da cidade de Fortaleza então adquiri uma foto belíssima da catedral da cidade tirada pelo William Ferreira (Salve!). E editei ela, deixando a catedral de fundo e a silhueta do agente que o Airton desenvolveu junto a imagem da catedral, até ai tudo bem, tínhamos uma foto ótima pra capa e uma história pra contar sobre a silhueta na imagem, entretanto houve problemas com a utilização da foto da catedral, não estudei o problema a fundo, mas a distribuidora que eu utilizo para disponibilizar as músicas em streaming alegou que a capa não poderia ser utilizada com aquela imagem devido a ter uma arte de terceiros, eu imagino que essa imagem de terceiros tenha sido a própria imagem da catedral, visto que a capa original desenvolvida pelo Airton que não tinha a catedral, passou sem nenhum problema nos termos da distribuidora.
Aproveitando essa deixa gostaria de dizer que está nos planos lançar essa demo em forma física, contendo a capa alternativa e mais algumas bônus tracks que não estarão disponíveis em streaming.
D.S. Na música, Isolamento, você fala que "o isolamento já é nossa rotina". Você estava falando do período de lockdown ou sobre as relações de modo geral?
P.Q. Sim a música isolamento realmente fala do Isolamento no período de lockdown.
Essa música foi criada em um período que eu tenho quase certeza de que acabei sendo infectado, mas como na época não haviam testes de covid, eu apenas fiquei isolado. Nesse período eu tive medo e receio (falados na música) de realmente estar com covid e quem sabe a minha situação piorar. Foi uma experiência um tanto quanto aterradora.
D.S. Quais os sons que você vem ouvindo ultimamente? Musicalmente, como você se define?
P.Q. Atualmente eu tenho ouvido muito Post Punk Brasileiro, tanto bandas antigas quanto mais atuais:
as antigas
Zero, Legião Urbana, Uns e Outros, Voluntários da Pátria, Arte no Escuro etc..
As mais atuais
Mãos Fúnebres, Ego Eris, Ratpajama (um abraço Kyro!), Black Knight Frequency (Salve Márcio Benevides!), Pontagulha (abraço Lucas Caducco!) e Plastique Noir (Um grande abraço pros meninos!) que realmente é minha grande inspiração musical.
Tenho ouvido muitas bandas de fora do país também, como Selofan, She Past Away, Lebanon Hanover, Qual, Belgrado e Drab Majesty. Tem algumas mais atuais também como Bragolin, Detoxi e Je t'aime.
Então assim, eu nunca gostei muito de me definir como Gótico mas acaba que o tempo vai passando e você pensa (É realmente esse é o estilo de vida, vestimentas que mais uso e músicas que mais ouço) então sim, me considero Gótico sim, acredito que não existe um jeito correto de ser gótico, cada uma faz, se veste, e produz arte e a consome de acordo com a sua realidade.
Porém não ouço só gótico o tempo todo, tenho alguns gostos bem peculiares e outros nem tanto, sempre curti muito Metal no geral (Heavy, Thrash, Death E Black Metal)
Gabriel Albuquerque (Gothiel) |
E Rap, Sim Rap! nos últimos dias assisti um documentário do Racionais Mc's que inclusive recomendo bastante e acabei dando uma repaginada na discografia no grupo.
Tem uma cantora de Blues que admiro muito também e vez ou outra tenho ouvido é a Shemekia Copeland. Ela tem uma voz incrível.
Enfim se eu fosse falar tudo que realmente gosto levaria muito, mas muito tempo pois até o forró do Desejo de Menina eu gosto, MPB, Reggae, Pop etc..
D.S. (Agora uma pergunta mais intimistas e última) O que te motiva a continuar? Não falo do Projeto Quarentena apenas, mas de maneira pessoal: o que te inspirar a ir em frente, a compor, a tocar, a vestir o que veste... Enfim, a resistir..
P.Q. O que me motiva são as pessoas e amigxs que sempre falaram "Você tem que continuar, você tem potencial" eu sou eternamente grato pela Aline Martins, ela sempre foi uma amiga que mesmo estando distante em alguns momentos, mandava energias positivas e me colocava pra cima, se não fosse ela eu não teria continuado. Ela inclusive que deu a ideia de eu meter as caras e fazer o projeto tocar ao vivo um dia.
Agradeço também a turma do Las Crias Arte e Culinária Vegana (Karlota e Sheilla), eles descobriram o Projeto e ficaram me chamando pra tocar ao vivo no espaço incessantemente, até que um dia eu resolvi aceitar a proposta e tive minha primeira apresentação como Projeto Quarentena lá no espeço deles.
Agradeço muito ao Danyel Noir guitarrista da Plastique, se não fosse ele eu não teria melhorado meu som, sei que ainda tem muito trabalho e coisas a melhorar, mas sem ele eu não teria incrementado alguns elementos que hoje vejo serem essências na música Gótica, mesmo sempre curtindo uma produção mais visceral algumas dicas dele foram muito válidas pra mim.
Agradeço o Daniel Guilherme, membro ao vivo do Projeto Quarentena, tem me ajudado muito e temos um outro projeto em andamento.
Todas essas pessoas e tantas outras me motivaram a continuar sendo quem eu sou e continuar com minhas produções. Eu só tenho a agradecer muito a todos de coração mesmo. Outra coisa que me ajudou a continuar produzindo foi a ideia de realmente ser uma pessoa de boa com tudo e com todos, ou pelo menos tentar isso. Inclusive gostaria de aproveitar o espaço e deixar claro aqui o que já é dito por mim algumas vezes. Eu não tenho mágoa nem rancor de nada nem de ninguém. Sempre estarei aberto a diálogo com qualquer pessoa. Às vezes fico triste pois vejo que há algumas "tretas" na nossa cena. Meu maior desejo é que fossem todos unidos, porém eu sei que nem tudo é possível e que muitas vezes há muito mais coisas envolvidas que não cabem ao meu julgamento e que não são tão simples de resolver, em contrapartida eu me sinto muito feliz em saber que tem outros projetos tão bons na cidade e que estão a todo vapor, acredito piamente que o Nordeste tem bandas realmente incríveis e que todos fazem o que fazem com amor a arte. Isso me inspira a continuar e me motiva muito!
------FIM------
O que eu absorvo em cada batida e nota marcada no baixo do Projeto Quarentena é um sentimento genuíno de expurgar a angústia e as crises que transpassaram e ainda passam por todos nós.
Eu acredito sempre nas voltas que a vida dá e nas escolhas que fazemos. Fico pensando no significado de compor uma música sobre isolamento e ter tocado ela ao vivo depois que todos nós saímos desse período... fico pensando se é possível transcrever certos sentimentos. Acho que não.
O Projeto Quarentena foi uma descoberta muito massa pra mim e que vive o mesmo ciclo que eu vivo. Então rola uma identificação muito imediata com a música e com quem está a frente do projeto.
E por fim, o que tenho a dizer é:
Vida longa e forte resistência a todo o submundo!
Vida longa e forte resistência a todo o submundo!
Até a próxima...
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